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Chuva na Região Serrana leva colapso à economia regional

Hotel Point da Saudade, em Muri / Foto: Jadson Marques

RIO – As enxurradas que arrasaram a Região Serrana do Rio e deixaram centenas de mortos terão um forte impacto sobre a economia. Na opinião de especialistas e autoridades, a total recuperação da região pode levar até dois anos para ser concluída. Os prejuízos vão desde o setor hoteleiro, que enfrenta quase 100% de cancelamentos de reservas no período de alta temporada, à destruição da lavoura e estradas e paralisação de máquinas e equipamentos.

O abastecimento de hortaliças em grande parte do Estado já foi reduzido a menos da metade e não deve ser normalizado antes de março, na opinião de Fernando Campanha, diretor da JFC, um dos principais produtores e distribuidores de frutas e legumes da região. Diariamente, ele fornece 100 toneladas de produtos hortifrutigranjeiros.

– Os supermercados vão receber alguma coisa, aquilo que pode ser recolhido, mas existem verduras que estragaram, outras que foram soterradas, muitas mudas foram perdidas – revela o produtor.

O prejuízo ainda não foi calculado, mas ele afirma que o clima entre os 200 funcionários, que perderam as casas ou familiares, é de consternação.

– Agora é rezar para que as chuvas acabem – diz Campanha.

Pequenas empresas são atingidas

Em Friburgo, um dos pólos da moda íntima do Estado, fábricas e confecções, a maior parte de fundo de quintal, foram tomadas por lama. Equipamentos danificados forçaram um recesso em muitas empresas pelos próximos dez dias, segundo o Sindicato da Indústria Têxtil de Nova Friburgo.

– Friburgo tem um quinto dos empregos formais gerados só no ramo de vestuário, então isso é gravíssimo – avalia o economista e professor da UFRJ, Mauro Osório.

Já em Teresópolis, o impacto mais significativo para a economia está relacionado às perdas da agricultura.

– O nível de prejuízo vai depender de quando e como vão refazer as vias de acesso – acrescenta Osório.

Para a professora de Economia da UFF, Hildete Pereira, a Região Serrana vai viver uma perda momentânea de competitividade. Ela cita Nova Friburgo como exemplo:

– A tragédia destrói a cidade, mas isso não significa que a atividade industrial vai se retrair. Em seis meses, o setor pode reagir se houver financiamento do Estado.

Perdas de R$ 80 milhões no setor de Turismo

Na opinião de especialistas, o prejuízo causado pelas chuvas pode afetar seriamente o setor de turismo, em virtude da perda da infraestrutura. O secretário estadual de Turismo, Ronald Ázaro, elevou as estimativas de prejuízo para R$ 80 milhões na alta temporada, considerando a queda da ocupação, cancelamentos de reservas, e perdas com mão de obra e comércio.

– Além do trabalho de reconstrução na infraestrutura, cabe também um esforço de resgate da imagem. São necessários pelo menos dois anos para recuperar plenamente a região – avalia.

Seguindo as estimativas pessimistas da Secretaria de Turismo, a Associação de Hotéis do Rio de Janeiro (ABIH), prevê que o prejuízo do setor chegue a R$ 50 milhões até março.

– Não basta tirar a lama e reformar os hotéis, será necessário praticamente refazer tudo ao redor – analisa o presidente da ABIH, Alfredo Lopes.

Ele lembra que os estragos do temporal do Réveillon de 2010 em Angra e Ilha Grande ainda são sentidos pelo turismo da Costa Verde:

– Já se passou um ano e Angra ainda não está completamente recuperada. O movimento nessa virada de ano foi 20% menor do que vinha sendo registrado em anos anteriores. E aquele problema foi bem pontual, perto do que aconteceu na Região Serrana.

 

FONTE: http://extra.globo.com/noticias/rio/chuva-na-regiao-serrana-leva-co…

 

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